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- 1 Dia 0. Começa o circuito W em Torres del Paine: Como chegar (passando por Puerto Natales)
- 2 Dia 1. Refúgio Las Torres Central
- 3 Dia 2. Refúgio Las Torres – Mirador Base Torres (ida e volta)
- 4 Dia 3: Refúgio Las Torres até Refúgio Francés ou Refúgio Cuernos
- 5 Dia 4: Refúgio Cuernos – Mirante Britânico (ou não) – Refúgio Paine Grande.
- 6 Dia 5: Refúgio / Lodge Paine Grande, Geleira Grey, Lago Pehoé e Puerto Natales
Esta semana contamos em primeira mão como é a experiência do trekking pelo circuito W em Torres del Paine.
Antes de sua viagem de Puerto Natales ao Perito Moreno, nosso colega e experiente viajante Javier Moliner viajou até a Patagônia Chilena para nos contar, passo a passo, essa grande experiência: o circuito W.
Descubra todo o percurso da trilha W em Torres del Paine, as melhores recomendações, dicas e muitos imprevistos possíveis que você deve considerar antes de viajar para a espetacular Patagônia Chilena.

Dia 0. Começa o circuito W em Torres del Paine: Como chegar (passando por Puerto Natales)
A primeira parada no circuito W Torres del Paine é Puerto Natales, onde tive que fazer “malabarismos” para chegar. Vou explicar meu trajeto.
Chegada a Puerto Natales
No meu caso, não peguei um voo desde Santiago, mas sim cruzei a fronteira vindo de El Calafate.
Quando fui comprar as passagens de ônibus até a cidade, me informaram que já não havia disponibilidade (aí começaram os malabarismos). Decidi seguir por uma rota alternativa passando por Río Turbio e o Paso Dorotea, até Puerto Natales.
Por isso, recomendo que planejem com antecedência a chegada a Puerto Natales e reservem uma passagem direta. Se seguirem meu conselho, em cerca de 3 horas (mais o tempo na fronteira) vocês chegam a Natales sem preocupações, como chamam os próprios moradores.
Ao sair do carro, o vento me surpreendeu — ele impede que o sol transmita sensação de calor — como um aviso do que me esperava na excursão a Torres del Paine. Não tinha reservado nada, então não sabia onde dormir em Puerto Natales. Entrei em uma cafeteria e, no tempo de um café (para ter Wi-Fi), já tinha reservado minha hospedagem.
Com isso resolvido, fui direto ao hostel e deixei minha bagagem. Aproveitei que ainda era cedo para caminhar um pouco pela cidade.
O que levar para o circuito W em Torres del Paine
Voltei ao hostel em Puerto Natales para esvaziar tudo que não precisava da mochila (sim, eles guardam para você) e carregar apenas o necessário para o trekking em Torres del Paine. Um resumo rápido:
- Roupas térmicas como primeira camada
- Fleece ou moletom
- Um bom casaco impermeável ou Gore-Tex
- Botas de trekking
- Sandálias para descansar no refúgio
- Óculos de sol
- Garrafa de água recarregável
- Protetor solar
Além do óbvio: roupas íntimas, calças de trekking, itens de higiene pessoal, uma toalha (se não quiser alugar no refúgio), dinheiro trocado caso queira comprar algo etc. Mas tente carregar o mínimo possível — são 71 km, e em boa parte do percurso W você carregará a mochila nas costas. Quanto mais leve, melhor.
Em alguns pontos do circuito W em Torres del Paine você encontrará guarda-volumes. Em outros, poderá deixar a mochila no refúgio, como no dia em que se caminha até o Mirador Base Torres.

Dia 1. Refúgio Las Torres Central
Na manhã seguinte começou minha jornada. Às 14h sai o ônibus que leva até a entrada do parque, ao lado do refúgio Las Torres — um lugar grande e confortável, com uma boa área de camping para quem prefere.
Depois de passar pelas bilheteiras do parque, peguei outro ônibus até o refúgio, onde me acomodei. Compartilhei uma cerveja com um francês da minha idade que acabei de conhecer e começamos a olhar o mapa que nos deram, nos preparando para o dia seguinte. Mais tarde jantamos e fomos dormir.

Dia 2. Refúgio Las Torres – Mirador Base Torres (ida e volta)
Tomei café da manhã às 7h e antes das 8h já estava saindo do refúgio, sozinho, com vontade de desconectar e com uma chuva que deixava tudo mais interessante. Aos poucos fui esquentando, o céu se abriu e o sol brilhou, o que me garantiu boas vistas no Mirador Las Torres.
As torres de Torres del Paine
O trecho final da subida é duro, por isso há um depósito onde você pode deixar sua mochila para subir mais leve, já que o caminho que resta parece quase uma escada. No entanto, eu estava animado e o ambiente era muito positivo, todos caminhando para chegar a um momento único.
Ao chegar, por mais que você já tenha visto nas fotos, as torres impressionam, enormes. Um bloco de granito que transmite muita força e aos seus pés um lago que cria um postal único, embora com o céu mais nublado do que eu gostaria, mas isso não me impede de ver as Torres.

Eu aproveitei com calma, desfrutando da paisagem. Depois de tirar várias fotos, voltei a dedicar meu tempo para contemplar aquele cenário e começar novamente a descida.
Com muita energia, não parei de caminhar até passar pelo Refúgio Chileno, onde comi a lunch box que peguei antes de sair do refúgio.
Como é o clima em Torres del Paine
Depois desse ponto, conferi o clima durante o trekking em Torres del Paine, e posso resumir em apenas uma palavra: TODOS. O clima nessa região é muito variável. O dia começou com três camadas de roupa e terminei os dois últimos quilômetros de manga curta, carregando o resto das roupas na mochila.
Ao chegar no refúgio, o plano me pareceu simplesmente perfeito: banho quente, cerveja gelada (a primeira incluída no preço), um bom jantar e uma cama confortável.
Dia 3: Refúgio Las Torres até Refúgio Francés ou Refúgio Cuernos
No meu caso, o refúgio para passar a terceira noite no circuito W em Torres del Paine foi o Refúgio Cuernos, pois o Refúgio Francés estava lotado. Acredite, não faz diferença se te designam um refúgio ou outro, todos são ótimos e ficam perto. Além disso, tanto o setor Francés quanto o setor Cuernos contam com camping premium.
Nesse dia comecei a caminhar com o Thibauld, o rapaz francês que conheci no primeiro dia, e também nos acompanhava o Ty, um rapaz dos Estados Unidos. Em poucos minutos já estávamos conversando e aproveitando o caminho. Como no dia anterior, a chuva nos acompanhou durante as primeiras horas e só posso dizer uma coisa: obrigado, inventor do Gore-Tex!
Lago Nordenskjöld
Grande parte do percurso passa ao lado do lago Nordenskjöld, com vistas espetaculares; diziam que a paisagem era parecida com a da Nova Zelândia, então vou ter que ir conferir se é verdade.

A chuva não parava. Naquele momento percebemos que aquilo não era normal, pois uma vez a cada verão acontecem chuvas fortes, e justamente nós pegamos essa. Para mim, sem problema, não estava frio, então a chuva deixava tudo mais natural, mais divertido.
Ao atravessar o rio, já percebi que seria impossível manter os pés secos, e foi aí que comecei a curtir ainda mais o circuito W Torres del Paine, caminhando por trilhas cobertas por uma lâmina de água de 15 centímetros, junto com muita gente sorridente, mochila nas costas e vários litros de água da chuva nas roupas.
A garrafinha que nos deram no início do tour foi muito útil para mim. Não era muito grande, mas felizmente não era necessário porque dava para recarregá-la em cada rio grande que cruzávamos — uma sensação incrível poder parar alguns minutos para descansar e beber água gelada direto do rio.

Chegada ao Refúgio Cuernos
Finalmente, após várias horas caminhando sob a chuva (sem pressa nenhuma, é bom dizer), chegamos ao refúgio Cuernos.
Dessa vez o refúgio era menor e mais acolhedor, com vistas incríveis, onde nos serviram o que para mim foi o melhor jantar: salmão da Patagônia (minha tendência vegetariana desapareceu no momento em que me deram a opção de escolher entre prato vegetariano — uma omelete de legumes — ou salmão. Desculpa, Pachamama!).

Dia 4: Refúgio Cuernos – Mirante Britânico (ou não) – Refúgio Paine Grande.
Não parou de chover durante toda a noite, e a saída do refúgio foi um pouco caótica: não encontramos o Ty e caminhamos juntos, Thibauld e eu. Pouco depois encontramos um rapaz brasileiro e caminhamos juntos, mas não pela rota que tínhamos planejado.
O que deveria ter sido a subida ao Mirante Britânico se transformou numa caminhada sob a chuva até o Refúgio Paine Grande. Por segurança, o acesso ao Mirante Britânico estava fechado, além disso, as nuvens não nos teriam permitido ver nada.

Então, após uma parada no Refúgio Francés, onde casualmente meu amigo francês estava hospedado (coincidências das viagens), continuei caminhando.
Pouco depois encontrei alguns amigos chilenos que conheci no primeiro dia. Para ser sincero, eles estavam cansados, pois dormir em camping, carregar muito peso e o mau tempo tinham minado o ânimo deles, mas lá estavam, como três campeões!
O caminho era mais fácil que em outros dias e não fazer o trecho até o Mirante Britânico diminuiu quilômetros e desnível da nossa rota, mas a chuva adicionou diversão, dificuldade e, para ser sincero, um pouco de frio.
Camping Paine Grande
Na última noite, eu havia decidido dormir no Camping Paine Grande, e embora você possa usar as áreas comuns do Refúgio Paine Grande, precisava usar os chuveiros do camping. Ao chegar, uma moça muito simpática fez meu check-in e me acompanhou até minha barraca (tenda para alguns dos nossos leitores latino-americanos).
Era uma boa barraca, da marca The North Face, com dois colchões de espuma e um saco de dormir The North Face com o qual não passei frio nenhuma noite.
Depois de tomar banho e descansar no refeitório do refúgio, começaram a servir o jantar e, ao terminar, o céu se abriu, a chuva parou e finalmente pude ver a paisagem ao nosso redor. Prefiro não descrevê-la, afinal carreguei a câmera durante os 5 dias da rota W em Torres del Paine.

Dia 5: Refúgio / Lodge Paine Grande, Geleira Grey, Lago Pehoé e Puerto Natales
Sejamos sinceros, dormir na barraca não é a mesma coisa, não se descansa igual que em um refúgio, mas ainda assim eu tinha energia.
Ao chegar ao refeitório do refúgio, onde havia deixado minhas roupas durante toda a noite, percebi que a chuva que tinha pegado desde que saí do Refúgio Cuernos ainda estava nas minhas roupas, especialmente nas minhas botas, que estavam completamente encharcadas.
O percurso de hoje prometia paisagens incríveis, mas é muito exigente para fazer com os pés molhados e acabar cheio de bolhas. Além disso, também há um tour na Geleira Grey onde você pode fazer trekking ou caminhada sobre o gelo e outro tour onde você faz caiaque na Geleira Grey.
Mas tenho que admitir, aquelas botas estavam muito molhadas, então, embora não me orgulhe, tenho que confessar: eu não caminhei.
Catamarã pelo Lago Pehoé
Fiquei no refúgio e peguei o catamarã Hielos Patagónicos que atravessa o lago Pehoé, do Lodge Paine Grande até Pudeto.

Ao chegar, peguei o primeiro ônibus que me levou direto a Puerto Natales. Caminhei até meu alojamento (já que não havia caminhado até o Glaciar Grey, ao menos eu precisava limpar a consciência caminhando 20 minutos — não parecia um mau plano, e de quebra economizei os 2.000 pesos que o táxi cobraria).
Onde comer em Puerto Natales
Quando cheguei ao meu hostel, peguei minhas roupas e todas as coisas que estavam guardando para mim. Me indicaram a lavanderia mais próxima em Puerto Natales, a Lavandería Catch. Também me deram dicas de onde comer: o restaurante El Bote, com boa comida e preço justo, embora os vinhos fossem um pouco caros, como é tradição no Chile.
Minha primeira janta foi no El Boliche, comida caseira e barata.
Onde dormir em Puerto Natales
Há muitas opções de hospedagem em Puerto Natales. Nenhuma é barata, como em outras regiões do Chile ou na Patagônia Argentina, mas se quiserem uma dica de onde dormir em Puerto Natales, recomendo meu hostel (que eu classificaria quase como hotel), o Hostal de los Castillos.
Um lugar com charme, pequenas casinhas, cada uma diferente e decorada com muito bom gosto, aquecimento eficiente, cama confortável e, acima de tudo, limpo como eu não via há tempos num hostel. TOP!
Descansei como uma criança, não sem antes comprar minha passagem de ônibus até El Calafate, para de lá seguir para El Chaltén. Sim, eu tinha perdido o Glaciar Grey, mas em El Calafate me esperava o Glaciar Perito Moreno.
Sem dúvida, da rota W por Torres del Paine levo uma lembrança única que espero poder reviver o quanto antes.
Boa viagem! (e bom tempo).
